segunda-feira, 21 de junho de 2010

Dia #11 - Portugal 7 x 0 Coréia do Norte - Ketchup português

É, parece que o cara acertou. Disse que quando os gols saíssem, ia ser que nem Ketchup, sairia tudo de uma vez. Essa expressão não muito comum de Cristiano Ronaldo, se concretizou, ao menos no que diz respeito à avalanche de gols.

Para este jogo, novamente pedi ajuda de meu amigo Daniel Goldener que acompanhou de perto. Confesso que não pude acompanhar, vi somente o 6o. e o 7o. gol.
Lá vai:

Ainda sob o impacto do falecimento de seu ícone literário, Portugal entrou em campo de luto, com um faixa preta ostentada no braço direito. Nada que tenha afetado o seu futebol, ora pois. Pelo contrário. Das lembranças póstumas de Saramago, incorporou-se ao time português a inspiração e a criatividade do grande mestre.

Abatida mesmo era a Coréia do Norte. Não por Saramago, mas sim por conta de seu técnico. Depois de segurar um placar apertado contra a seleção brasileira, o treinador norte-coreano se empolgou. Contra Portugal, ele desarmou a retranca, e mudou o esquema de jogo do time. Um erro fatal. Uma bomba atômica nas ilusórias pretensões desta seleção na Copa.

O primeiro tempo do jogo foi de muito estudo e tensão. As duas seleções tinham que vencer para viabilizar seus objetivos no torneio. No começo, a Coréia do Norte ameaçou os portugueses, trazendo uma emoção ao jogo. Apenas um fogo de palha. Aos poucos, os lusitanos encaixaram seu estilo de jogo. Na figura de linguagem, os portugueses foram desarmando os norte-coreanos. Chutes na trave, no gol, perto do gol. Essas eram as armas portuguesas. Apesar de um bom jogo até então, o placar parcial foi 1x0, gol de Raul Meireles.

No segundo tempo, fez-se história. Remetendo ao famoso duelo entre Portugal e Coréia do Norte na Copa de Mundo de 1966, na Inglaterra. Naquele fatídico 5 x 3, o pantera Eusébio desequilibrou e marcou quatro gols. Na verdade, não sei se o problema dos norte-coreanos é a seleção portuguesa ou o próprio Eusébio, já que ele estava presente no estádio para ver repetir, com juros, o episódio que outrora protagonizara.

Os portugueses voltaram com apetite. Os norte-coreanos, com ousadia. Que se traduziu em atrevimento, e que resultou em tragédia. Para eles. A seleção de Portugal, com muita facilidade, chegava ao gol adversário e trocava passes na intermediária de ataque. Jogava um futebol simples e objetivo. Começou então uma sequencia de gols que parecia interminável. Na verdade, um círculo virtuoso. A cada gol português, aumentava o desespero norte-coreano, que por sua vez dava mais espaço para um novo tento lusitano. Foram sete gols, sendo seis no segundo tempo. O meio-campista Tiago, que entrou no lugar de Deco, foi o único a fazer dois gols.

Vale dizer que em grande parte do jogo a seleção portuguesa atuou desprovida de seus talentos tupiniquins. Somente aos 30 minutos do 2º tempo entrou Liedson, que não podia deixar de marcar o seu, assim como Cristiano Ronaldo. Jogando muito bem pelos lados do campo, servindo seus companheiros e dando passes para os gols portugueses, o craque conseguiu finalmente marcar um gol para sua seleção, depois de 16 meses (ou 8 partidas).

Para a atuação norte-coreana, apesar o placar desastroso, resta ainda um grande destaque positivo. Em todo o jogo eles fizeram somente TRÊS faltas no adversário. A primeira só foi assinalada aos 12' do 2º tempo, quando o time já perdia por 4 x 0! Ou seja, a seleção da Coréia do Norte, diante de um oponente mais forte, decidiu reagir e concentrar suas forças na arma mais óbvia, o futebol. Poderia sim ter apelado para faltas, violência, tomando como exemplo a crueldade da Costa do Marfim. Mas, honrosamente, retribuíram ao esporte o que o esporte lhes proporciona: respeito. Vimos em campo um grande espetáculo de futebol, jogado dentro de suas regras, respeitado.

Esta fraca seleção norte-coreana, agora eliminada da Copa do Mundo, fez-me lembrar de uma grande lição de vida do personagem Rocky Balboa em seu último filme: o importante não é o quanto você consegue bater, e sim o quanto você aguenta apanhar, e ainda ficar de pé. Espero que seu país tal qual aprenda esta lição.


Vou fazer alguns adendos ao texto. Primeiro, dar nomes aos gols que faltam, de Hugo Almeida e Simão Sabrosa. Esse último, com direito a merchan pro McDonalds, no melhor estilo Milton Neves Cristiano Ronaldo merecia fazer logo seu gol, pelo bem da Copa do mundo, e a Jabulani sabia disso. Mas ela resolveu deixar somente após demonstrar que quem manda mesmo é ela. E caprichosamente chegou ao gol após dançar no pé dele, subir e se colocar por cima, no ponto mais alto, aparecendo depois entre o craque o gol, somente para ser empurrada. Essa bola ta demonstrando que além de tudo, é orgulhosa.

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