terça-feira, 12 de julho de 2011

Soccer adventures, part II

Agora, o que eu não esperava era a repercussão desse jogo.

Já de manha, no saguão do hotel, vejo o USA Today, famoso jornal daqui, e a matéria de maior destaque no centro da capa é sobre o jogo.

Quando chego no escritorio, sou recebido por um típico americano do interior, que só conhece baseball e homeruns, que me diz: "futebol é seu esporte, não? Viu que belo vitória tivemos ontem?Não entendo muito, mas sei que foi bonita."

Depois, vem o chefe dele, um cara com posição razoável na companhia, me cumprimenta e diz: "Desculpe-me, não posso deixar de ressaltar, que que aconteceu com o Brasil ontem? Nossa vitória foi fantástica."

Desacreditei. vim para os EUA achando que a última coisa que iria me acontecer é americano me zoar por causa de futebol. É o cúmulo do azar.

Passado o dia de trabalho, volto pro hotel e ligo na ESPN. Só se fala nesse jogo. Ontem aconteceu inclusive um fato importante no baseball: Derek Jeter, famosos bad boy do New York Yankees, alcançou a marca de 3 mil rebatidas com um home run, aquela rebatida pra fora do campo. Mas todos os jornais da emissora e todas as enquetes online diziam que o principal fato do fim de semana tinha sido o futebol feminino. Naquelas votações que americano adora, Hope Solo aparecia como personalidade esportiva da semana, seguida por Abby Wambach (a que fez o gol de empate) e só depois por Derek Jeter.

Pra quem vê ESPN com certa frequência, sabe que tem um monte de vinhetas que ficam passando na programação, cm o TOP 10 de algum tema. Bom, ontem já tinham atualizado o TOP 10 dos momentos mais dramáticos da história do esporte americano, e o gol de Wambach foi colocado no 5 lugar (começa no minuto 1:42);



Pra completar, esse semana terá o All Star Game de Baseball, com eventos a semana toda. O de segunda feira é o campeonato de rebatidas. Chegaram a jogar bolas de futebol para serem rebatidas com o pé, e chamaram jogadores da seleção americana masculina pra rebater no campeonato.

Definitivamente, a euforia aqui é algo que eu nunca imaginaria. Mas serviu pra ver que até eles aqui estão se rendendo à paixão que o futebol pode causar.

foto: eu mesmo

Soccer adventures, part I

Futebol feminino não é muito a praia deste blog. Mas as circunstâncias me obrigam a escrever sobre o jogo deste domingo. Vou dividir em 2 posts, um sobre o jogo e outro sobre os fatos depois dele.

Não só porque foi um momento emocionante do esporte, mas porque coincidentemente estou nos Estados Unidos.
Vim para cá por razões de trabalho, deveria ter chegado no sábado de noite. Tinha até pensado em procurar um bar pra almoçar assistindo esse jogo, já que tinha a seleção americana envolvida, achei que teria algum apelo.

Por motivos pessoais tive que atrasar em um dia minha viagem, e só cheguei no domingo de noite, quando o jogo já tinha acontecido.

Quando cheguei no hotel, bem tarde, depois de voar 10 horas e dirigir mais 2,5, fui abrir a internet curioso principalmente pelos resultados do Palmeiras, da Ferrari, da Liga Mundial de Volei e do Brasil da Marta. Pra minha surpresa, os 3 primeiros eu achei fácil na UOL e na globo.com, já o último eu precisei procurar um pouco, o que já me deu o pressentimento que Marta não tinha brilhado como deveria. Achei a notícia, confirmei meu pressentimento de
derrota, desencanei de ver os detalhes e logo voltei para as notícias do Palmeiras e do Kleber.

Quando cansei de internet, deitei na cama do hotel e liguei a TV na ESPN. Tava passando o Sportscenter edição americana, e só se falava do jogo de futebol feminino. Passei na CNN e Fox News, e naquela barrinha de baixo repetia notícias sobre o jogo umas 3 vezes a cada minuto. Mudei para a ESPN 2, e lá estava o VT completo do jogo, aos 20 minutos do primeiro tempo.
Resolvi assitir.

É muito engraçado ver um jogo com a tendência para o lado contrário ao que vc está acostumado. Deve ser a mesma sensação que um argentino tem ao assistir um Brasil x Argentina com narração do Galvão Bueno.

A seleção americana teve um gol contra aos 2 do primeiro tempo, e não fez mais nada o resto do tempo normal. Praticou o jogo puramente destrutivo, defendendo bem até os 20 do segundo tempo, quando uma defensora fez penalty e foi expulsa. Depois, na base da vontadem tirando a bola da área e chutando pro lado que estavam viradas.

A comentarista da ESPN xingou sem dó o juiz no momento em que ele mandou voltar o penalty. E elogiou a seleção americana como se fosse o santos de Pelé. Apontou todos os problemas da seleção brasileira e só valorizou os feitos de Marta dizendo que ela é uma "superstar". Parecia demais o trio Galvão-Falcão-Arnaldo nos seus tempos áureos.

Na hora do gol da virada de Marta (que foi desses que só Ronaldo, Rivaldo e outros ETs conseguem), só sabiam falar da posição duvidosa da jogadora que fez o cruzamento. Antes mesmo de por o replay, mostraram o tira-teima com 10 cm de impedimento.
O time Brasileiro passou a bater muito, a ponto do estádio vaiar quando as brasileiras e principalmente Marta pegava na bola.

Mas veio o gol de empate, e ficou engraçada a situação do narrador . Ele já tinha chamado todas as considerações finais, já tinha agradecido a bravura do time americano, quando a goleira brasileira sai catando borboleta e a atacante americana cabeceia pro gol. Isso já eram 3 minutos de acréscimo do segundo tempo da prorrogação.

Bonito gol, parabenizou a insistência do time americano. Depois de um gol como esse, não tem emocional que aguente. Na disputa de penaltis, a bela goleira Hope Solo defendeu o chute de Daiane, a mesma do gol contra, e garantiu as americanas na semifinal. O narrador gritava mais que o Galvão no célebre "É Tetra, é tetra"

O Brasil, ou a Brasilia, morreu na praia mais uma vez.