sábado, 7 de julho de 2018

Dia #23 - A eficiência manda o Brasil pra casa. Mas caímos de pé.

O Brasil perdeu. Momento de inúmeras reflexões pipocando pelo país. Caça às bruxas, culpados, motivos, certezas, erros. Todo mundo buscando essa explicação. Eu também tenho a minha.

Perdemos pra um time que jogou melhor. Mais talento? Não. Mais técnica? Talvez. Mas certamente mais eficiência. A proposta belga era simples: jogar simples, criar volume de jogo até que uma chance se convertesse em gol, independentemente de como isso aconteceria. E assim foi, num gol contra de Fernandinho. Até o momento, eram duas chances boas par cada lado, com direito a uma trave de Thiago Silva. 

Não lembro em que canal eu assistia na hora (porque eu fico trocando o tempo todo), mas surgiu o comentário de que o Brasil não sentiu. Eu concordo, com exceção de um jogador: o próprio Fernandinho. Se Casemiro era o ponto de equilíbrio do time, seu substituto foi o ponto nevrálgico de desequilíbrio após o gol.

Neymar tentou, Coutinho também. Jesus manteve a média baixa de atuação do resto da Copa, mas sempre muito esforçado taticamente. Marcelo chegou várias vezes, William errava muitos passes. 

Já a Bélgica foi eficiente em tudo o que se propôs. A entrada de Fellaini tinha o propósito de congestionar o meio de campo e ganhar os chutões, e isso aconteceu. O zagueiro Meunier, amigo de Neymar no PSG, tinha missão de marcar nosso astro, e foi quem mais tirou sua liberdade. E a proposta ofensiva era sempre procurar Hazard e De Bruyne.

Foi desse jeito que eles ampliaram a vantagem. Um rápido contra-ataque, que levou exatos 13 segundos desde o Brasil perder a bola no ataque e a finalização, encontrou Kevin De Bruyne, que chutou um metro e meio antes da grande área e colocou no espaço perfeito que tirava tanto da zaga quanto de Alisson.

Nesse momento a Seleção se viu num contexto ainda não enfrentado. Na era Tite, o time nunca tinha tomado dois gols, quanto mais estar perdendo. E foi difícil encaixar.

Uma mudança no intervalo colocou Firmino no lugar de Willian. Aos 13, Douglas Costa no lugar de Gabriel Jesus. O time melhorou, e controlou. Criou por ambos os lados. Mas a bola não entrou. quando ia pra direção do gol, parava num inspiradíssimo Courtois, personagem ativo do jogo. Isso é o futebol. São 11 jogadores em campo. Pra ganhar jogo importante, precisa de todos.

A Bélgica mantinha a proposição de jogo. No ataque, Hazard era o principal alvo, e Fagner tinha dificuldades pra acompanhar. Ele tinha o propósito de ficar com a bola no pé, e procurar DeBruyne e Lukaku na frente após alguns minutos de tempo gasto. E fez isso bem. Aliás, o destaque amplamente positivo foi a atuação de Miranda contra Lukaku, amplamente vencido pelo brasileiro. Já De Bruyne, aparecia livre o tempo todo. Ele era responsabilidade de Fernandinho, seu colega de clube, e ganhou de lavada.

Aos 30, Tite tira uma última mágica da cartola, colocando Renato Augusto, seu homem de confiança, no lugar do apagado Paulinho. E foi Renato que reacendeu a esperança brasileira. Numa jogada que se aproveitou do cansaço dos zagueiros vermelhos, marcou de cabeça o gol que reacendeu a esperança brasileira e pôs fogo no jogo. E 4 minutos depois, chutou um bola que passou muito, muito, muito perto. Fora as bolas de Neymar o que Courtois ainda pegou nos últimos 5 minutos.

Mais uma vez, o sonho do hexa vai esperar. Tomara que continue na mão do Tite. Desempenho fantástico, agora com um grande torneio na experiência. Um ciclo completo pode permitir que um trabalho muito mais solido aconteça. Espero que Neymar também amadureça, e entenda o que precisa mudar. Que Firmino, Jesus, Coutinho, entendam que a experiência vai trazer a tranquilidade e a sagacidade pra enfrentar também os momentos adversos. E os que até lá pararem, saibam que saíram de cabeça erguida, tentando até o final. Essa passa a ser a ultima cena do Brasil em um Copa.

Vamos ter que esperar, pelo menos, mais 1627 dias para ver o Brasil numa final de Copa.

fonte: (craqueneto10.com.br)

terça-feira, 3 de julho de 2018

Dia #19 - Neymar vai se levantando

O primeiro tempo foi bom. Apesar dos primeiros 20 minutos de sufoco do México, o time manteve o tempo todo a concentração tática. A voz do senso comum vai dizer que o time foi envolvido pelo México e sofreu pra responder. Na minha visão, o Brasil era o time a ser batido, amplamente estudado e conhecido, e se comportou bem sim. Sofreu perigo de uma seleção preparada para jogar uma oitavas de final de copa do mundo. Nada de outro mundo.

Ironicamente, foi quando a seleção resolveu abandonar o rigor tático, trocar posições e  e ver o William passar por trás do lado esquerdo, que o gol saiu, com um Neymar entrando de carrinho pela centro direita, pois Gabriel Jesus estava alguns segundos atrasado. Eram 5 do segundo tempo.

Daí pra frente, México demonstrou um pouco de desequilíbrio, e seus contra-ataques deixaram de ser tão perigosos como na primeira etapa. Osório havia colocado Layun especificamente pra tirar o Neymar de campo na base do anti-jogo. Ele tentou, fez jogada desleal, deu muita pancada. Felizmente, Neymar mostrou maturidade pra enfrentar isso tudo, jogando bola, sem firula, com efetividade.

Gabriel Jesus mostrou muita aplicação, tirou bola na defesa, ocupou o meio, roubou bola... mas não fez gol! Centroavante vive de gol. Já Firmino, que entrou no lugar do Coutinho com mais de 40 do segundo tempo, na segunda vez que tocou na bola já apareceu pra completar um cruzamento de Neymar na pequena área pra fazer o segundo do Brasil e selar o resultado.

Neymar foi o nome do jogo. E bem por isso escrevo o nome dele pela quinta vez neste texto. Parece estar chegando perto da maturidade exigida pela expectativa que temos nele. Mas ainda precisa evoluir, nessa toada. Ainda cai bastante, menos para cavar  e mais pro pancada. Mas ainda dramatiza demais estes eventos.

Destaque para William, que fez a diferença também. Num dia de um Coutinho apagado, ele chamou o jogo pra si e se movimentou bastante, errou pouquíssimos passes, criou o primeiro gol. E por fim, Casemiro mais uma vez foi um gigante. Infelizmente tomou amarelo e não jogará as quartas. Mas foi fundamental, vai fazer falta.

Mais um passo foi dado. Chegamos no quinto jogo. Que venha Lukaku, DeBruyne e todos da turma. Esse jogo pende pro Brasil unicamente pelo peso da camisa.



Fonte: abril.com.br