sábado, 3 de dezembro de 2022

Dia #13 - Era sexta-feira 13, mas ninguém percebeu.

 Ninguém percebeu, mas estávamos no 13o dia de copa, e era uma sexta-feira. Então pra todos os efeitos, pro Brasil foi uma sexta-feira 13.

A pergunta do Cosme Rimoli na coletiva pós jogo disse bastante: o Tite colocou em campo um time desentrosado. Confiou demais no talento individual e no peso da camisa, subestimou o efeito que treinar e jogar junto pode ter. 

Jogo foi feio, ruim, show de horror da seleção canarinho. E um time camaronês limitado, mas esforçado. Fabinho e Fred no meio pareciam nem se conhecer, Rodrygo totalmente deslocado. Alex Telles, que vinha com uma apresentação bem honesta (na copa toda, há de se registrar) sofre o efeito desse dia de terror, sai machucado (e ta fora da copa). Dani Alves mostrou que deveria ficar no pandeiro mesmo.

Quem se salvou nisso tudo foi o Gabriel Martinelli. O garoto tentou ir na linha de fundo e cruzar, tentou infiltrar na área, chutou cruzado, lutou por bolas pressionando a zaga. Se antes era motivo de crítica ao Tite, na minha visão justificou sua convocação.


No fim, praticamente minuto 90, Aboubakar faz uma cabeçada no contrapé e sela esse dia macabro pro Brasil. Primeira derrota em copa para uma seleção africana. Pra eles esse será o grande feito do mundial. 

No outro jogo do grupo, muito mais emoção e dinamismo. Times titulares em campo, os craques de cada lado apareceram, emoção até o fim. Se a Suíça marcasse mais um gol, passava o Brasil e ficava em primeiro. 

Agora, fim de primeira fase. Vamos pegar a Coréia do Sul, que venceu Portugal, eliminou o Uruguai e praticamente aposentou o Suarez.

Essa derrota vai ser boa pra ligar o alerta. Não subestimar ninguém. Temos uma caminho em teoria mais simples até a semifinal. E com ele temos também um tabu a vencer: nunca fomos campeões sem estar invictos. Será que quebraremos essa?

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Dia #12 - terceira rodada, a emoção crescente e as grandes decepções

 A terceira rodada da fase de grupos veio pra trazer os jogos mais emocionantes. Times agora tem muito a perder, precisam de resultado. Por isso fica tudo mais dinâmico e intenso.

No primeiro dia, nada muito fora da expectativa. Muita emoção em Equador 1 x 2 Senegal, com a vitória para o time  realmente melhor, e que no fim jogou mais com a alma. Nos outros 3 jogos, a única coisa que se pode chamar de surpresa foi a Holanda ganhar só de 2 do Qatar.

photo: Twitter / Confederation of African Football (CAF)
No segundo dia, a emoção cresceu. França entrou com reservas contra a Tunísia, e valeu a máxima "não tem mais bobo no futebol". Time africano saiu ganhando, Deschamps voltou com Mbappe e a cavalaria pro jogo, mas não reverteram. Dinamarca calcificou sua posição entre as decepções perdendo pra Austrália, e voltando pra casa em ultimo do grupo.

Nos jogos da tarde, a Argentina parece realmente ter acordado. Venho falando aqui no blog que nunca duvidei da classificação deles, e isso se confirmou. E num jogo em que o coletivo falou mais alto do que a "messidependencia". Time ta tomando forma.
Na transmissão do Casimiro na Twitch, o Juninho Pernambucano classificou a apresentação da Polonia como "a pior de uma time numa copa do mundo". Realmente jogaram pra não perder, mas não acho que seja pra tanto. É o estilo da Polonia que vimos na copa passada, nas eliminatórias, na Euro. Agora o México ,demorou a acordar, e pagou por isso. Fica o registro pro golaço de falta que eles marcaram. Arabia Saudita pega o carro e vai pra casa com campanha histórica mesmo assim.

A grande decepção da Copa pra mim é Belgica. Apostava bastante nessa geração, desde a copa passada. Sim, era um time envelhecido que vinha pro Qatar, mas ainda com jogadores que desequilibram. O trabalho longo do tecnico Roberto Martinez credenciava para voos mais significativos. Saída melancólica, so um gol marcado, Lukaku chutando na trave e quebrando o banco de reservas. E parabéns pro bem organizado time do Marrocos, passando em primeiro. Uma das grandes histórias dessa copa.

photo: Jennifer Lorenzini/Reuters
Nos jogos do fim do dia, aí a emoção foi no talo. Em algum momento dos 90 minutos, todas as seleções estiveram classificadas. Espanha começou aniquilando o Japão, poderia ter resolvido o placar. Alemanha ia fazendo sua parte, marcando primeiro. Mas foi um daqueles episódios lindos que só a copa do mundo te propicia. Japão volta pro segundo tempo com muita concentração e determinação, e vira o jogo rapidamente, tal qual no primeiro jogo. E com um golzinho bem polemico pra dar mais emoção ainda. Los Ticos de Costa Rica tiram forças não sei de onde e chegam a virar o jogo. Vale guardar o print daquele momento que Espanha e Alemanha estavam
desclassificadas. Mas o Harvetz entra em campo e tem um exibição bem sólida, talvez a melhor do time na Copa, faz 2 gols e da assistência pra mais um. No fim, faltava um gol espanhol pra ordem mundial do futebol se reestabelecer, mas ele não rolou.

Print do Globoplay daquele momento que poderia ter ficado para a história da humanidade.

Alemanha classificou a Espanha, mas a Espanha não classificou a Alemanha. Esse time espanhol parece bastante os germânicos de 2010. Vinha com força, mas era inconstante, e parou na semifinal (pra depois ganhar em 2014). Espanha muitas vezes lembra a gente que tem uma média de idade baixíssima, quase que ele todo foi prata olímpica ano passado. Acho que esse ano vão avançar, mas não tanto, e vêm forte na próxima.

E o líder do grupo foi, quem diria, o Japão!


terça-feira, 29 de novembro de 2022

Dia #9 - Casemitos

 Foi um típico jogo do Brasil na Copa. Nervosismo, tentativas frustradas, um time adversário com pelo menos 10 atrás da bola. A emoção do primeiro tempo ficou para as tentativas de saída de bola com os pés do Alisson. 


Brasil sentiu a ausência do Neymar bem mais do que o esperado. Ele abre muito espaço atraindo a marcação adversária, mesmo quando joga mal. Sem ele o meio campo fico cheio de gente. As jogadas pelo lado funcionavam so com ViniJr pela esquerda, quase nada com Raphinha pela direita. O Pombo pouco fez, a bola não chegava nele. 

Do meio tras, a solidez persistiu. Não fomos realmente incomodados. Um lance suíço mais intenso, que resultou em escanteio. Nada mais. 

Pro segundo tempo, Rodrygo entra no lugar de Paquetá e ajuda a mudar o jogo. Não foi um impacto imediato, o jogo demorou a engrenar. Mas ele foi abrindo o espaço, destravando o no do meio-campo, e abusando do entrosamento com Vini Jr. Nesse contexto, no minuto 62’, uma bela jogada de transição pro ataque resultou num belo gol do malvadeza. Mas um impedimento do Richarlison lá atrás, desses que só existem na era do VAR, anulou o gol. Na época do Ronaldo e do Rivaldo estaríamos comemorando até agora. 

Photo: Nelson Almeida / AFP


Quando o cenário se encaminhava para mais um empate com a Suíça em copas (seria o 3o), o melhor jogador do Brasil na copa de 2022 apareceu pra resolver. Novamente pelo lado esquerdo, numa jogada que explorou o entrosamento merengue, Vinicius encontra Rodrygo, que num passe de primeira com o lado de fora do pé acha Casemiro infiltrado dentro da área. Ele fuzila pro gol, contando com um desvio leve na zaga. Dessa vez sem VAR. 

No primeiro jogo eu havia evidenciado a postura de dominação do Casemiro na cabeça de área. Nesse jogo isso não foi diferente. A atuação defensiva do time é muito sólida , e ele é o principal pilar disso. Fechamos os dois primeiros jogos sem sofrer NENHUM chute na direção do gol. Casemiro é sem sombra de dúvidas o melhor jogador do Brasil na copa até o momento. 

Com esse 1x0, temos a classificação pras oitavas garantida. 

Bem, em dia de Casemitos, quero deixar aqui nesse blog um registro: Casimiro Miguel, o da Twitch, bateu nesse jogo o recorde mundial de expectadores simultâneos numa live do YouTube: 4,8 milhões de pessoas.
Isso significa a morte da Globo? Claro que não! Mas muda cenários e traz opções diferentes de entretenimento. É a copa mudando mais uma vez o mercado das comunicações. Assim como foi lá em 2010, e eu conto nesse blog alguns episódios sobre a ascensão do Twitter na época. 

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Dia #8 - o primeiro grande jogo dessa copa

 Hoje o post é rápido e concentrado.


Nesse domingo aconteceu o primeiro grande jogo da Copa. Não que já não tenham acontecido jogos bons, mas é aquele jogo que antes da bola rolar no Qatar já se cercava da maior expectativa. Espanha e Alemanha seria o primeiro embate entre potencialmente favoritas. No bolão que eu precisava preencher antes da Copa, meu palpite pro jogo foi 0x0.

Daí a copa começou, e as duas foram protagonistas na primeira rodada. Uma pelo lado positivo, demonstrando força e muitos gols. Outra pelo lado negativo, sofrendo uma derrota de virada. E o jogo ganhou ares de mata-mata já no oitavo dia de copa. No bolão que se preenche ao longo do torneio, meu palpite foi Espanha 2x1 Alemanha.


Na minha opinião, o jogo entregou o que se esperava, antes e depois da copa começar. Espanha foi intensa criou, exigiu de Neuer. Alemanha se defendeu muito, fez um gol com Rudiger que estava levemente impedido. Na volta do segundo tempo, times mais cautelosos, e o jogo começou a fluir ao se trocarem as peças. Mais um gol dessa copa no minuto 62, com Alvaro Morata, colocou a Espanha na frente no que parecia ser um resultado obvio. Mas Niclas Fullkrug veio lá da serie B da Bundesliga, entrou no meio do segundo tempo e marcou um gol de centroavante que empatou a partida, deixando tudo aberto pra ultima rodada. Quase rolou uma virada nos acréscimos, mas ficou no 1x1 mesmo. No fim, o palpite do empate foi o que chegou mais próximo.


Jogão! E o mais legal foi ver tantos jogadores jovens dos dois lados sendo protagonistas. Do lado espanhol, apesar de Gavi ser a estrela, destaco o Dani Olmo reafirmando sua capacidade que vemos desde a Olimpíada. E do lado Alemão, um ótimo Musiala, que eu não conhecia, e traz a esperança de uma nova geração surgindo também por lá.



Bem, fica uma aqui para os supersticiosos. A coluna do PVC colocou luz num fato que eu não tinha percebido: a Alemanha nunca mais ganhou um jogo em 90 minutos depois do 7 a 1. Ganhou uma copa na prorrogação, e um jogo em 2018 no minuto 95. Mas nos 90', nunca mais. Seria uma maldição?


domingo, 27 de novembro de 2022

Dia #7 - Argentina ressurge, França se reafirma

 Começou a segunda rodada.


E nela, já vimos o Irã voltar a sonhar, Enner Valencia voltar a brilhar, Senegal respirar e no duelo Football x Soccer ninguém empolgar.

Também vimos que a Austrália  na força bruta ainda tem chance, e que Lewandowski acordou e jogou um balde de água fria no sonho Saudita de cravar a classificação.

Mas duas partidas é que foram as importantes.

A França mais uma vez calando críticos. Apesar do caminhão de desfalques, encarou a pedreira Dinamarca e desenrolou muito bem. Vale destacar que a Dinamarca fez campanha de 9 vitórias e 1 derrota nas eliminatórias, e na atual UEFA Nations League eles venceram os franceses 2 vezes, em junho e setembro desse ano.

O jogo foi disputado no meio campo, com os Azuis criando chances sem mira no primeiro tempo.  Até 
photo: Skysports.com
aconteceu uma defesa do dinamarquês Kasper Schmeichel com as pernas, mas foi só. No segundo tempo, foi a individualidade que desequilibrou. O menino Mbappe tá mostrando pra todo mundo que gosta de Copa do mundo, e sabe jogá-la. No minuto 62 ele desenrolou uma jogada pelo lado, usou o Giroud como tabela dentro da área e abriu o placar.

Logo em seguida a Dinamarca mostrou força e empatou em jogada aérea, com Christensen, que apesar de zagueiro deve ser atualmente seu melhor jogador. Esse empate acordou o time nórdico, que criou 3 ótimas chances e exigiram do goleiro Lloris boas participações. Mas no fim, o menino resolveu de novo: cruzamento de Griezmann, gol de coxa em disputa na pequena área, França classificada e Mbappe artilheiro da Copa.


Messi e a Argentina também foram a campo, sob pressão de eliminação com derrota e quase eliminação com empate. Eu vejo essa pressão sofrida pelos hermanos muito parecida com a pressão que o Brasil tinha em 2014 pela copa em casa. Não é uma pressão somente externa, é algo interno, deles mesmos, que gera um nervosismo e acarreta decisões precipitadas e erradas ao longo do jogo.

Há uma dependência da genialidade do Messi muito maior do que a expectativa. Esse Time do Scaloni parecia estar livre dessa dependência no mesmo nível que o Brasil está se libertando do Neymar. Mas não está.

Foi um primeiro tempo muito ruim, com a primeira bola Argentina no alvo aos 33 minutos, e melhor lance uma cobrança de falta mexicana para uma linda defesa de Emiliano Martinez, aos 44.

No segundo sinceramente não mudou muito. Quem teve que resolver foi o Messi mesmo, até então bem apagado. Aos 19’ recebeu um passe de Di Maria, e acertou um chute rasteiro de fora da área naquela janela do espaço-tempo que só os gênios conseguem.Tirou o peso das costas do tamanho de um país.

México até tentou reagir, mudou peças, mas não é a seleção competitiva de outras copas. E os hermanos jogando com mais tranquilidade puderam desenvolver um futebol mais próximo do que se espera. O resultado foi uma jogada dentro da área de Enzo Pérez, sensação do campeonato português desse ano, e um gol maravilhoso. A Argentina definitivamente ressurge, e volta a ser uma das candidatas a ir longe na copa.