Pela vigésima primeira vez na história, tivemos uma estreia do Brasil na copa. E como sempre, é um momento nervoso.
A pressão aplicada sobre a seleção Brasileira definitivamente não é algo normal, algo simples. Estamos no país onde o segundo colocado é sempre o primeiro dos últimos, em qualquer que seja o tipo de competição. No futebol, isso sobre diversas ordens de grandeza.
É compreensível que um grupo de humanos sinta uma pressão fora do comum nessa situação.
Por outro lado, temos a seleção mais bem aceita que eu vi em vida (nasci em 84), mais até que 2006. Seja no jogo coletivo, seja no jogo individual, seja no banco, todo mundo acredita que essa seleção é boa, aliás , é muito boa, joga bem, tem entrosamento, faz gol feio e gol bonito.
Essa situação antagônica que gerou a grande frustração no resultado desse domingo. A expectativa de um jogo difícil contra a indigesta Suíça era real. Mas até o momento, algo difícil pra esse time significava ganhar de pouco. Por isso, tanto o time quanto o publico estavam mal acostumados. Apesar do nervosismo, da pressão, esse time era capaz de absorver. Ao menos é o que a maioria achava.
"Ah, mas só perdemos porque o bendito VARdinei não quis ver o que era óbvio, que o suíço empurrou o Miranda". Na hora do jogo, tive a mesma opinião. Mas revendo lance em diversos ângulos, nas mesmas condições que o rapaz que pilota o VAR tem, eu não daria a falta. Isso acontece em 100% dos escanteios do futebol europeu. O problema ali era um posicionamento mal feito.
E o pênalti do Gabriel Jesus? Eu daria, depois de olhar o replay. Mas é um lance interpretativo, não é indiscutível. E a principal crítica ao arbitro de vídeo funcionar ou não é que não vai mudar a questão da interpretação humana.
Quem deixou a desejar muito foi Neymar. Destaque dele ontem foi só o cabelo de miojo. Não da pra não comentar, excesso de estilo pra ocasião. Cada um tem seu gosto, eu sei, mas...
Mestre Eric Cantona concorda comigo.
De resto, foi o Neymar padrão em dia ruim, carregando muita bola, tomando muita falta, caindo mais umas várias vezes quando não precisa. Ele precisava chamar a responsabilidade, ele é o principal jogador. Mas nessas horas ele se prova ainda imaturo. Lembrou bastante aquele Neymar da Libertadores de 2011. (aliás, se vc é novo nesse blog, tem um ou outro texto sobre essa época aí no histórico).
Alguém chamou boa atenção? Sinceramente, não. Gabriel Jesus sentiu o peso da estreia. Coutinho fez um golaço, mas sumiu no resto do jogo. Casemiro tomou cartão cedo e saiu. MArcelo tava irreconhecível. Talvez o William tenha corrido e se esforçado mais que os outros, mas sem efetividade. E as mudanças do Tite foram bem infelizes.
O que me chamou atenção mesmo foi o goleiro da Suiça, Yann Sommer. Pegou algumas bolas mais complexas, mas não foi o grande responsável pelo resultado. Ele chama atenção mesmo é pelo que descobri dele fora do mundo de futebol. Além de jogar bola, o cara tem um blog de culinária e faz pontinha em programa de TV. Praticamente o Rodrigo Hilbert. Pra quem duvida, segue o link. Se manjar de alemão, traduza por favor uma receita e manda pra gente.
Bom, futebolisticamente falando, o que tirar desse jogo? O principal, é descer do salto alto. Mostrar que existe sim a necessidade de se esforçar pra ganhar o mundial. Em termos de resultado, acho que não mudou muita coisa. Ainda da pra se classificar tranquilo em primeiro. Mas com certeza esse choque de realidade vai fazer o time entrar de maneira muito mais concentrada, com muito mais preocupação com a pressão, e pode gerar um saldo bem positivo. Vamos esperar até dia 22.