segunda-feira, 5 de julho de 2010

Dia #22 - Quartas - Brasil 1 x 2 Holanda - Quem explica o apagão?

Primeiro grande teste para os "dungaboys" no mundial. E também para a Laranja. A diferença é que os europeus vêm de dois anos de invencibilidade, e um futebol pragmático e consistente, porém sem brilho. Já a Canarinho foi amplamente contestada em 2 e amplamente elogiada em outros 2 jogos deste mundial. E fora um bom amistoso contra Itália, só jogou contra adversários ruins desde o jogo em que se classificou
matematicamente para o mundial, inclusive perdendo da Bolívia e empatando com a Venezuela.

Na formação inicial, uma surpresa de cada lado: Oojer entra na zaga holandesa, e Felipe Melo, apesar da contusão contra Portugal, vem entre os titulares.

O primeiro tempo faz o torcedor brasileiro sonhar. A Seleção domina a Holanda com maior posse e jogadas perigosas. Antes dos 10', Robinho abre o placar após cruzamento de Daniel Alves, mas o gol é corretamente anulado devido a posição irregular do lateral.

Logo em seguida, cerca de 5 minutos, outro gol, agora legal: Felipe Melo da um passe, no melhor estilo Gérson, no meio de uma defesa laranja mal posicionada, e encontra Robinho livre para completar para o gol em apenas um toque. Superioridade brasileira refletida com justiça.

E o domínio não parou por aí, a impressão era que viria uma goleada. Ótimas triangulações no trio ofensivo, que acabaram em chances claras desperdiçadas por Kaka e Luís Fabiano. Escanteios perigosas não aproveitados pela alta zaga. E o
primeiro tempo acabou com um gostinho de que a Holanda, apática ofensivamente, tinha saído no lucro.

Após o intervalo, as equipes retornaram sem modificações.

Mas atitude mudou. Na saída de bola já se viu um erro bisonho do time brasileiro. E logo Sneijder e Robben começaram a aparecer mais.

O atacante começou a ter mais liberdade, inclusive para dar a sua jogada já manjada, o corte para dentro seguido de arremate. O meia, sumido no primeiro tempo, foi logo efetivo: Num cruzamento seu aos 8', o melhor goleiro do mundo Julio César errou a saída, e Felipe Melo desviou acidentalmente para as redes.

Nesse momento, a seleção brasileira reagiu da pior forma possível. Acusou duramente o golpe e não conseguiu se recompor. Quinze minutos depois, em escanteio sem sentido concedido por Juan, os laranjas aplicaram uma jogada ensaiada com desvio no primeiro poste e gol de Sneijder de cabeça no centro da área pequena. Ele mesmo, outra vez. E com só 1,70m de altura.

Duelos entre Brasil e Holanda são sempre marcados pela dificuldade, disputas acirradas no placar, como em 94 e 98. Mas desta vez, diferentemente das outras percebia-se que ao nervosismo brasileiro seria o maior empecilho.

Felipe Melo, a grande aposta de Dunga, foi sempre muito contestado pelo temperamento instável, e excesso de violência. No jogo contra Portugal já demonstrou claramente isso. E logo após tomar a virada, foi disputar um bola com Robben e além de fazer a falta, deu um pisão no holandês, amplamente visto pela TV. O árbitro não precisou de replay ou auxiliar para avermelhar o brasileiro.

Daí em diante, faltou cabeça ao time brasileiro. Apagou tudo. Dunga precisa dar uma chacoalhada na equipe, mas não possuía ninguem no banco capaz de fazer isso. Robinho sumiu, Kaka deve ter sentido dores, um sumido Luís Fabiano deu lugar a um Nilmar com vontade mas nulo quando sozinho. E o sonho do Hexa ficou para 2014.

Agora, momento da caça às bruxas. Culpa de quem? Certamente uma parcela considerável de Dunga, E Felipe Melo? Ele foi o que sabia ser. Errou quem depositou confiança nele quando ele não poderia corresponder. Infelizmente, é um jogador médio, violenta, na medida para jogar campeonato alemão, não Copa do mundo pelo Brasil. Teve momentos de brilhantismo, como no passe do primeiro tempo, mas na pressão sempre espana.

E ele só foi para campo hoje porque Dunga não tinha substitutos em quem confiava. Com Ramires suspenso, os jogadores que receberam a copa como "prêmio" pesaram. e poderiam ter dado lugar a peças mais úteis.

Que eu penso da gestão de Dunga? Temos que aprender, e não esquecer, como disse PVC. Entender que o radicalismo não serve para nada, seja ele ditador (esse ano) quanto "open bar" (como em 2006). Saber que a diferença que o futebol brasileiro tem do resto do mundo é o talento, e talvez estrelas meteóricas têm que ser levadas em conta. A Seleção Brasileira deve ter vários jogadores capazes de desequilibrar, pois nós temos isso em abundância. Sem isso, somo normais.

O Brasil foi rotulado nesta copa, na mídia de língua inglesa, como "The Sambakings". Esse nome resume muito do que penso. Nessa época de futebol carrancudo, fechado e turrão, a alegria e a desenvoltura brasileira precisa brilhar. Senão, seremos comuns. Ou até piores que os comuns.

2 comentários:

  1. Eu ainda subiria um nível a mais na responsabilidade... Felipe Melo < Dunga < CBF

    Mas também não sou dessa opinião que se formou que acha que se fosse o Ganso e o Neymar tudo seria diferente... até o começo do ano ninguém falava nada deles e olhando os principais jogadores ofensivos do Brasil ao redor do mundo, todos estavam com problemas (Ronaldinho Gaúcho brilhando 1 jogo e sumindo em outros 10, Kaká não jogando nada no Real e tomando um baile do CR9, Robinho na reserva do City, Adriano sem comentários, etc...)

    Eu acho que o maior erro do Dunga foi sempre seguir a sua filosofia de privilegiar a marcação e não ter testado outros meias na seleção antes da Copa...

    Ah, e tb não me desceu até agora esse 2º tempo contra a Holanda... foi muuito estranho (principalmente levando em conta que o Brasil sempre teve problemas com times retranqueiros e não contra times expostos como aconteceu com a Holanda)... enfim, parecia Corinthians X Flamengo na Libertadores... rsrs

    ResponderExcluir
  2. Bom, o Dunga fez um trabalho coerente durante 4 anos. Montou um time, deu padrão de jogo a ele, e ganhou Copa América, Copa das Confederações e fez a melhor campanha brasileiras nas Eliminatórias. Natural que ele não mudasse a maneira de jogar do time na Copa. Natural que ele confiasse naqueles mesmos caras. E se o Brasil por acaso ganhasse, ele seria considerado um gênio. O problema é que ele perdeu, daí todo mundo é mestre em criticar.

    Criticá-lo agora é muito fácil. Mas o que eu percebi é que ninguém falou nada enquanto ele tava ganhando tudo. Ninguém dizia que faltava um meia de armação ao Brasil. Quando ganhamos a Copa América contra a Argentina em 2007 ninguém criticou que tínhamos Daniel Alves, Júlio Batista e Elano no meio de campo. Ninguém criticou que faltava um cara como Kaká, Ronaldinho ou Ganso naquele time. E o Dunga apostou que poderia confiar nesses caras na ausência de Kaká.

    Pra mim o maior erro do Dunga foi justamente esse: em nunca ter se preocupado com os meias de armação. Não digo nem de não ter levado o Ganso, que surgiu agora e nem eu que sou santista teria levado; mas sim de não ter testado outros meias de armação como Diego Souza, Alex ex-Palmeiras e Diego ex-Santos. Nenhum deles é jogador de Seleção? Pois diziam o mesmo do Luís Fabiano quando ele começou a ser convocado.

    Mas temos que reconhecer também que perdemos para um time muito bom, cujos melhores jogadores (Sneijder e Robben) foram destaques dos dois finalistas da Champions League desse ano, e que mostrou ter um conjunto bastante coeso. Tanto é que estão invictos há mais de 20 jogos e chegam à final da Copa com 100% de aproveitamento. Se tivéssemos perdido pro Chile daí sim seria motivo de críticas ferrenhas à Seleção.

    Desculpa o comentário gigante Bologna. Senti falta nesse post de links para opiniões de comentaristas e curiosidades do Twitter. Mas parabéns novamente pelo teu blog, está show de bola! Abraço!

    ResponderExcluir