Há muito tempo, numa galáxia muito distante, um cara gostava de ver jogo de futebol, principalmente na Copa do mundo, mas mais do que isso, ver gente palpitando depois do jogo palpitar o palpite dos outros e depois deixar seu palpite também.
Esse cara gostava do que fazia. Muito. Mas as obrigações da vida o fizeram ter que deixar esse hobby de lado e empregar seu tempo com outras coisas mais prioritárias, do tipo trabalhar. Nesse meio tempo, Deus ainda descolou pra ele não um, mas três filhos, e muitas responsabilidades em casa e no trabalho.
Rolou uma copa, no País dele. Mas esse cara não teve como gastar tempo pra palpitar o palpite alheio. O pouco tempo que tinha ele gastou vivendo o astral que a copa em casa propiciou, que aliás foi bem legal. O fim esportivo dela foi meio decepcionante, daqueles que vc pensa e repensa 7 vezes pra tentar achar uma explicação . Ele teve que tirar o filho de 3 anos da sala pois começou a chorar de ver a esperança ser escorraçada por uns caras de vermelho e preto que falam frases com verbo no final. Mas mesmo assim, viver a copa em casa foi inesquecível, cheio de palpites sobre a palpitaria de todos em todas as línguas, mas que ele guardou pra si ou dividiu em algumas poucas rodas de bar. Nada escrito.
Agora, bem, oito anos depois daquele epifania de palpitação durante o mundial africano, e 4 depois das emoções da copa em casa, a vida continua corrida. Talvez como nunca antes. Mas vai ter outra copa. Já tá tendo outra copa. Hoje é o dia #1. E alguns raros espectadores, em especial o mascote de todos os assíduos espectadores, que se recordam daqueles palpites, estão tentando reavivar aquele espírito de palpiteiro que existe dentro dele. E confesso que acho que praticamente conseguiram.
Dessa forma, a copa da Rússia começou.
O tempo passou, a mídia esportiva em parte evoluiu e em parte regrediu. Mas palpiteiros continuam a existir.
Vamos lá:
Cerimônia de abertura econômica, direta e reta. Ronaldo e a bola se entrelaçando de um Modo único, quase que como seres redondos da mesma espécie.
Um jogo que tinha tudo pra ser horroroso. E quase foi. Mas aí vem um rapaz do banco, mostra que ele é o único cara que sabe jogar coma bola no pé naquele país, e encaçapa dois golaços dignos de copa do mundo. E a seleção da casa, que não ganhava jogo sabe lá desde quando, sai com um inacreditável 5x0 sobre um combinado de árabes corredores, sem muito propósito e direção.
Agora, man of the match não foi o russo ponta de banco goleador. Não foi o camisa 17 com 2 assistências e um gol de falta a lá Zico. Foi certamente o amplamente ovacionado Presidente Putin, com seu discurso de ditador democrata e a jogada de mestre: sua comemoração do 5 gol soviético, e sua escolha em ligar pro técnico pra parabeniza-ló bem na hora que ele estava rede intenacional dando entrevista coletiva.

(Foto: Reprodução / TV Globo)
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